A expansão da geração de energia com fontes térmicas é
reflexo direto de uma decisão tomada na última década pelo Brasil. Após a
pressão ambientalista, o país aceitou reduzir o tamanho das novas usinas
hidrelétricas. A consequência foi a redução da capacidade de guardar água nas
usinas.
O Brasil vai ampliar em 39% a geração hidrelétrica até
2021. Mas, apesar disso, a capacidade de acumular água das chuvas (equivalente
a ter energia guardada) crescerá apenas 5% no período. Enquanto isso, a demanda
brasileira vai crescer 46%.
Novas usinas, como Jirau, Santo Antônio, Teles Pires ou
Belo Monte, só foram licenciadas mediante essa restrição, mas especialistas
dizem que a escolha obrigaria o país a usar mais térmicas.
"Não teremos mais reservatórios como Sobradinho,
no rio São Francisco. Não há mais lugar para a construção de usinas com essas
dimensões", afirma Altino Ventura, secretário de planejamento e
desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia.
Com usinas a fio d'água (hidrelétricas sem capacidade
de acumulação), as térmicas ajudam a poupar a água e evitam a queda do nível
dos reservatórios, como a que ocorreu recentemente e suscitou debates sobre um
novo risco de racionamento. Não há como fazer isso sem "sujar" a
matriz elétrica.
Fontes alternativas, como a eólica, não vão cumprir a
função de geração básica do sistema. Embora limpa, a produção é intermitente.
A China, que tem um audacioso programa de energia
alternativa para substituir parte da expansão de térmicas a carvão, usa parques
eólicos combinados com a fonte solar e com a tecnologia de baterias. Só assim o
país tem conseguido injetar no sistema elétrico um grande volume de energia
constante, sem oscilações.
Nenhum projeto desse tipo está sendo desenvolvido neste
momento no Brasil.
Aqui, os últimos leilões de energia têm sido dominados
por projetos eólicos. O país já contratou 8.500 MW em energia eólica e apenas
1.500 MW em térmicas a gás. Para a atual necessidade, no entanto, as eólicas
não servem.
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