Muitas usinas (com
produção de 25.000 MW), linhas de transmissão (85.000 quilômetros) e
distribuidoras que não haviam sido privatizadas nos anos 90, estavam com seus
contratos se encerrando entre 2012 e 2015. Naquele momento, renovar as
concessões significava não privatizar.
No final de 2012, o governo federal fez tal
opção, adotando medidas para renovar as concessões de energia elétrica e
reduzir a tarifa para a indústria e residências. A renovação, naquele momento,
evitou a privatização. No entanto, as usinas das empresas estatais dos
governadores do PSDB não aceitaram a renovação e agora correm novamente risco
de privatização.
Dos cerca de 25.043 MW de potência (13.600 MW
médios) que tinham a opção de renovar, cerca de 60% optaram pela renovação
(usinas das estatais federais) e 40% não aceitaram reduzir a tarifa e
consequentemente não renovaram as concessões. Na transmissão, dos 85.000 Km de
linhas, praticamente todas aceitaram a renovação, onde a maioria é do sistema
Eletrobrás.
As usinas que não aceitaram a renovação
pertencem às estatais estaduais (Cemig, Cesp, Copel, Celesc), que estão sob
controle dos governadores do PSDB (SP, MG e PR) e DEM (SC). Ao todo são 12
hidrelétricas e 24 PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas).
Como não renovaram, os contratos destas usinas
estão se encerrando entre 2013 e 2015. Assim que os contratos forem encerrados,
tais usinas voltam para o controle da União. A primeira usina que encerrou o
contrato é a chamada Três Irmãos, da CESP, no rio Tietê.
Desta forma, o Ministério das Minas e Energia
(MME) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estão encaminhando um
leilão, isto é, a privatização. O MME já emitiu duas portarias (Portaria
117/2013 e Portaria 123/2013), autorizando a Aneel a fazer o leilão destas usinas.
Ou seja, se inicialmente as medidas do governo federal evitaram a privatização,
agora é o próprio governo de Dilma quem irá privatizar as usinas do PSDB.
Significará uma derrota política para a esquerda e para todos que lutam contra
as privatizações.
Quanto à usina Três Irmãos (da Cesp), a
previsão é de leiloá-la num prazo de 60 dias. Depois, serão leiloadas as demais
usinas das estatais estaduais – como Ilha Solteira e Jupiá da CESP; Três
Marias, São Simão, Jaguará, Volta Grande da CEMIG; e a Governador Parigot, da
COPEL, entre outras.
Ou seja, se abrirá o caminho para o leilão de
todas as usinas das estatais que tiverem contratos encerrados futuramente.
Diante disso, é de se exigir da esquerda
social uma luta nacional e um plano de ação e mobilização conjuntas,
articuladas e o mais amplas possíveis para enfrentar a situação, em níveis
estaduais e nacionais, a fim de pressionar o governo e exigir o cancelamento
destes leilões. Inclusive pode-se pensar em ações onde se localizam as próprias
usinas.
Também não basta apenas lutar contra o
cancelamento dos leilões, mas se faz necessário construir uma proposta do que
deve ser feito com as usinas que não renovaram seus contratos.
Na semana que passou, a Plataforma Operária e
Camponesa para a Energia realizou uma reunião com o governo e este tema foi
pautado. Ficou combinado de se realizar, nos próximos dias, uma nova reunião,
específica sobre este tema das usinas que não renovaram. Temos de levar e
articular um amplo leque de organizações e entidades interessadas no tema.
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