Esse é o
número de projetos em construção ou estudo. Quase todas são pequenas centrais
que produzem pouca energia.
Queimadas, exploração agropecuária
desordenada, pesca predatória - essas ameaças ao ecossistema do Pantanal são
conhecidas. Hoje, no entanto, ambientalistas apontam para um problema novo: a
construção de hidrelétricas na região.
As usinas tiram proveito da queda natural
entre o Planalto Central do Brasil e a planície onde fica o Pantanal. Hoje já
existem 37 barragens em rios que alimentam a região e mais 62 hidrelétricas
estão em construção ou em estudos. Quase todas são pequenas centrais que
produzem pouca energia.
O pesquisador Paulo Petry, de uma entidade
internacional de proteção do meio ambiente, diz que as usinas alteram o regime
anual de cheias e secas que é responsável pela biodiversidade do Pantanal. Ele
compara os barramentos a coágulos na circulação sanguínea de uma pessoa.
Pesca afetada
O município de Barão do Melgaço já foi um
dos maiores produtores de peixe de água doce do Pantanal. Os pescadores das
margens do Rio Cuiabá tiravam os pintados, os pacus, que eram vendidos em
vários estados do brasil. Já não é assim. Muita coisa mudou por aqui.
Os pescadores são unânimes: a construção de
uma barragem rio acima provocou uma queda drástica na quantidade de peixes.
Eles não estão conseguindo mais chegar
aonde eles chegavam antes e a água não tem mais as mesmas características
quando eles sobem os rios. isso dificulta o processo de reprodução deles.
As secretarias de Meio Ambiente de Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, responsáveis pela aprovação de quase todas as
usinas da região, negam a existência de um grande impacto ambiental. E não
pretendem barrar o plano de expansão das hidrelétricas.
“Nós
precisamos de estudos cientificos, de algo concreto a fim de que possamos mudar
procedimento, mudar os nossos roteiros e acompanhar como esta se desenvolvendo
toda utilizaçao desta regiao do pantanal”, diz o secretário de Meio Ambiente
de Mato Grosso, Alexander Maia.
“Até
o momento, não existe nenhum estudo que indique enfim alguma coisa de alto
risco, ou coisa que o valha”, afirma o secretário de Meio Ambiente de Mato grossso
do Sul, Carlos Alberto Said Menezes.
Cachoeira
As usinas também são acusadas de destruir
belezas naturais. A cachoeira Sumidouro do Rio Correntes já foi a maior atração
turística da cidade de Sonora. Mas a barragem Ponte de Pedra desviou 70% do
volume de água para as comportas. Com apenas 30%, o lugar ainda é bonito, mas
perdeu a antiga força natural que maravilhava os turistas que vinham de longe
para conhecer este lugar.
“Foi
discutido na época do projeto, todos sabiam que ia perder essa beleza natural,
infelizmente é o preço que temos que pagar. Você nao consegue gerar energia
eletrica se não aproveitar essa queda natural que existe”, diz o gerente de
Meio Ambiente da usina, José Lourival Magri.
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